Exploratória Caiamar


 Região: Rubiataba, Pilar de Goiás e Nova América - GO
 Data: 25/02/2017

Região com relevo e vegetação bem diferente das bandas da Chapada, de “Piri” ou mesmo daqui do DF, o Vale do São Patrício possui morros e serras extensas com matas fechadas e características mais da região norte do país. Desde criança me perguntava o que deveria ter atrás daquela serra e se aquele rio teria algo a ser revelado e tais dúvidas não foram sanadas na conquista da Primeira Confluência do grupo DOCERRADO.com e nem no Camp Bike III.

A região abriga ainda remanescentes dos Tapuias, índios que antigamente eram endocanibalistas, faz parte da Serra Dourada que ainda do outro lado despenca aguas para o Vale do Araguaia, e ainda tinha os relatos dos antigos de corredeiras, rios bons de peixe e cachoeiras daquelas que poucas pessoas conhecem.

Partimos então para a primeira exploração na região no feriado do carnaval, e a primeira investida sempre tem um papel mais investigativo do que desbravador, afinal estamos adentrando em terras particulares e lembrando que poucas pessoas conhecem os acessos, caminhos e trilhas para chegar aos locais.
Nossa Base foi a familiar hospedaria da Chácara Córrego da Serra que por destino fica no ponto central de uma região cercada de rios, riachos e terreno com relevo muito irregular. Depois de uns trancos e barrancos conseguimos chegar à Base, nada que desanimasse o grupo que depois de 330Km terminaram o dia com um bom churrasco naquele recanto de paz.

PILAR DE GOIÁS E A CACHOEIRA DO OGÓ
Aquela manhã chuvosa, o fato de estar em um ambiente rural e sacar que um bom descanso seria válido com horas a mais de sono resolvemos deixar o ritmo mais suave do que a correria habitual de uma exploratória, então nada de apito ou grito de alvorada. Sem pressa e dentro do cronograma partimos rumo a Pilar de Goiás com uma dose de Off Road.
Cortamos um bom caminho optando a rota via estrada de terra pós chuvas da noite, e saindo de Rubiataba passamos por Bom Jesus, Quebra Coco e chegamos a Itapaci onde almoçamos para garantir o rango, afinal era carnaval e o comercio não funciona dentro da normalidade. Depois seguimos via asfalto até a cidade de Pilar pelo asfalto e um visual muito bonito de verde Goiás.

Passamos direto pelas ruas antigas de Pilar e rumamos para a região do antigo quilombo Papuãn onde fica a Cachoeira do Ogó e as antigas galerias das minas de ouro que perfuraram as rochas de quartzo. A cachoeira já serviu como fonte de água para a cidade e ainda existe a antiga tubulação. Existe um poço mais acima da queda principal que pode ser acessada por uma trilha lateral da queda. O acesso é fácil, porém a ultima descida de cascalho pode ser feita com carros 4x4, mas caso vá de carro 4x2 pode deixar um pouco antes desta ultima descida.

PONTE DE PEDRA
No outro dia a turma desencambou para as bandas do rio Caiamar, o alvo desta Exploratória, porém o mais incerto de sucesso. Chegamos com a tática investigativa e perguntando sobre a região para um grupo de moradores apareceu um que falou que conhecia todos os lugares e que nos levaria a um lugar muito irado. Ai botamos fé!
Papo vai, papo vem partimos então rumo a tal Ponte de Pedra, que não muito longe da cidade a nascente do Caiamar já brota com surpresas como este local. O acesso complicado devido a ausência de trilhas bem delimitadas, porém a navegação na região não é complicada. Risco maior foi a questão das chuvas que hora em outra trovões anunciavam que as águas estavam caindo nas redondezas e era visível observar na grota por onde andávamos as marcas evidentes de cabeças D’agua, ou tromba D´agua. Selvagem a região, barulho de pequenos animais, cachopas de abelhas e um lugar ermo que a segurança tem que ser redobrada na próxima investida.
A Ponte de Pedra é uma sequencia de cavernas e grotas por onde o rio Caiamar passa, aparece fazendo grandes poços e some correndo por debaixo de galerias de rochas. Perigoso nadar nesta época a força da água e os sumidouros são arapucas perfeitas para uma fatalidade. Ficamos ali por um bom momento, o andar nas pedras estavam devagar por conta de serem muito escorregadias e geralmente o fim da vala era um buraco com água correndo rapidamente. Depois de perceber que a região é de fato intrigante e que merece uma volta na época da seca resolvemos retornar para as viaturas. A investida valeu, e certamente retornaremos a região só que mais bem preparados e com a certeza de como é o revelo, o tipo de acesso e ainda contando com a ajuda do amigo e guia que arrumamos na região do Caiamar.

Ultima noite e a despedida deu força na diversão, o violão foi tocado mais tempo, o povo cantou mais alto, um prato especial e delicioso foi feito pelo casal Vinicius e Andreza, e o churrasquinho foi rolando até tarde. Merecida a pequena, porém divertida festinha, e de grande valor, afinal ali estavam um grupo escolhido não ao caso, a educação foi ponto crucial e o companheirismo essencial. Destaque para a Alessandra e a Crhis que chegaram à Base junto com a guerreira Titanzinha vindo de Goiânia. Elton e Shirley que tiveram que abandar a nave e foram de Zequinhas, Vinicius e Andreza que ganharam uma missão por empreitada que é fazer um prato especial e a anfitriã do recanto aconchegante nossa tia Lelé. Voltaremos para a região Caiamar em breve. Obrigado a todos os participantes e em especial a tia Lelé.


Relato: Flávio Martins Santos

> Aventuras > 2017 > Nº106