Página especial deste capítulo chamado Pucón e da nossa viagem de 20 anos;
O Vulcão Villarrica não é apenas um símbolo da região é um sonho para alguns aventureiros e aventureiras que assim como nós do
DOCERRADO.com almejam subir alguns dos picos mais belos da Cordilheira dos Andes e de outros recantos deste nosso lindo mundão.
Pucón nível do mar: 227m
Vulcão Villarrica: 2847m
Dia tão esperado por anos e numa madrugada fria típica da região partimos andando ligeiro pelas ruas de Pucón até o ponto de encontro de onde pegamos o transporte em direção ao Parque Nacional Villarica. Ainda no escuro e com o frio mais forte do que estava lá em Pucón começamos a ajustar os equipamentos, como as mochilas, colocar o anorak, as luvas, uma toca, escolher o bastão de caminhada e a piqueta, dar apertos em algumas fivelas e nos cadarços das botas e daí iniciamos a tão esperada subida.
Passamos por um bosque com uma vegetação bem diferente da região das cachoeiras por onde percorremos antes (
N°207 - Saltos de Palguín) e em uma das paradas pelo bosque, Jorge, um dos guias mostrou vários arbustos com frutinhas azuladas, uma espécie de ‘
blueberrie’ nativo da região, também tinha uma espécie branca que tem um gosto menos intenso.
Ainda no sopé do vulcão passando a área do bosque, a vegetação passou a ficar rala, quase nada, apenas alguns arbustos aqui, umas flores ali e na medida que fomos subindo as plantas foram sumindo. Realizamos outra parada programada no ponto do teleférico abandonado, aquela pausa mais demorada, um lanche ligeiro do tipo ‘
snack’ e voltamos para a trilha.
A partir deste ponto começamos aquele ‘
zigzag’ gigantesco de subida de montanha, hora que dá vontade de passar por cima do ‘
zigzag’ e subir em linha reta, mas a subida tem seu preço, suas manhas e macetes.
Vencemos o primeiro trecho até o outro ponto de parada, La Capilla, um abrigo que era para ser um ponto de teleférico e que teve sua construção iniciada nos anos 70, porém algumas nevascas mostrou que ali não seria legal construir nada, não é à toa que tem vários destroços não apenas da Capilla, mas também de outros abrigos que foram destruídos pela força da Mãe Natureza.
Volta a subir e agora o ‘
zigzag’ passa a ficar mais curtinho e frenético até que chegamos na primeira geleira. Pausa para ver o visual, ‘
e que visual!’, dar uma sentada, tacar pra dentro outro lanche do tipo ‘
snack’ e é a hora de colocar os equipamentos e vestuário para o gelo.
Piqueta numa mão, bastão de outro, crapons nas botas, calça, blusa e luvas grossas, próprias para segurar a onda do frio da geleira.
Instruções repassadas pelos guias Jorge e Maurício para a utilização da piqueta, do bastão, a alternância nas mãos e todo o cuidado que devemos ter ao andar pela geleira. Iniciamos a subida pisando firme no gelo e o que já estava demorado só pelo fato de ser subida ficou mais demorado ainda pela forma de andar, com as pisadas fundas, ir alternando nas mãos a piqueta e bastão e ainda com uma atenção redobrada. Vencemos a geleira e chegamos no alto, topo, cume, ou chame do que quiser, afinal aquilo tudo e todo aquele momento é seu...
Pausa para nem mais falar, apenas olhar num 360º toda aquela imensidão e o ruído do vento do alto de um vulcão. Momento de contemplação, de tirar várias fotos, de sentar um pouquinho para descansar de um cansaço que por um instante foi esquecido com o majestoso topo do Villarrica.
Depois de um tempo vem uma voz e te lembra para fazer aquele lanche mais forte, como um sanduiche caprichado, aquele suco geladinho e no conforto de uma pedra fazer sua refeição com um visual único.
Hora de descer e de se preparar para uma sequência de ‘
esquibunda’ maneiríssima e que economiza um bom tempo e uma enorme caminhada pra descer o vulcão.
Para ter ideia, foram 5 horas e uns quebrados para subir e para descer 2h e uns quebradinhos.
A roupa própria para o gelo, o crapon, a piqueta são sua segurança no ‘
esquibunda’ e a adrenalina vai de cada um, tem quem nem freia e tem quem desce freando.
Mesmo com a facilitada das descidas dos ‘
esquibundas’ ainda rola uma pernada boa, mas na descida o ritmo é outro. Realizamos paradas para ir tirando as peças de roupas, mas nós do
DOCERRADO.com sem o costume daquele frio típico, chegamos no sopé ainda em formato de cebola, cheio das camadas.
Ligeiro chegamos no ponto de partida, no estacionamento, foto com o grupo e aquela última admirada ao nosso querido Vulcão Villarrica.
Gracias Jorge, Maurício;
Gracias Pucón;
Obrigado de coração por fazer parte deste sonho, Carolzinha...
Relato: Flávio Martins Santos
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