Travessia da Serra Dourada


 Região: Cidade de Goiás - GO
 Local: Serra Dourada
 Data: 05/11/2018

Ir conhecer a Cidade de Goiás é uma coisa... mas fazer a Travessia da Serra Dourada é outra!
Rumando para o Araguaia em 2004, e beirando a Serra Dourada, vendo sua forma e tamanho pensei em um dia subir aquela grandiosidade só para ver a Cidade de Goiás lá do alto.
Esta aventura trouxe a disponibilidade de realizar esta antiga vontade e junto com um grupo digno de tal empreitada realizar tal feito.

Quando falamos na Travessia da Serra pode parecer fácil, até porque existem várias formas de percorrer as trilhas do Parque Estadual da Serra Dourada (PESD). Atravessar a Serra pode ser feita por diferentes trilhas e é bom ter um bom conhecimento da região, recomendamos guia e também requer autorização para atravessar o Parque. Dentro do Parque existem trilhas curtas como até o Areial, ou a rampa que é um belo mirante. A entrada do Parque fica no município de Mossâmedes e você encara uma boa subida (3Km), que é recomendada para carros com uma boa distância do solo, sendo um 4x4 a melhor pedida.

Pulamos fora da viatura e partimos para o início da trilha. Antes passamos na sede do Parque Estadual para aquela breve conversa com o guarda que em seu plantão solitário cuida daquele gigante parque.
Seguimos por um estradão que leva até a bifurcação para Olhos D’água e Areial, pegamos a direita e nossa primeira breve parada foi para conhecer o Areial. Cenário que foi feito em virtude da mineração onde um garimpo antigo fez um estrago na área.
Sem demorar iniciamos uma breve subida até um dos picos mais altos desta porção da Serra. Aproveitamos o visual para ver a imensidão do lado onde é possível ver a Cidade de Goiás e muito além disso. Local que vale a pena um deslumbre e boas fotos.

A trilha é linda, e vai cortando pela crista da Serra onde do lado direito é a Bacia do Tocantins e município de Massâmedes, do lado esquerdo a Bacia do Araguaia e município da Cidade de Goiás. Neste percurso que realizamos em alguns momentos não existem trilhas demarcadas, e antes da região das minas clandestinas uma breve chuva chegou e fez a galera logo se equipar para garantir uma proteção contra a chuva. Todos com capa de chuva, mochilas protegidas seguimos caminhando com uma chuvinha até agradável e as nuvens iam cortando por cima da Serra deixando a trilha com um visual incrível. Tocamos em frente até o outro mirante que também é um dos picos mais altos da Serra. Aproveitamos para realizar um lanche uma breve descansada e enquanto o grupo deslumbrava aquele cenário, uma sequência de nuvens pesadas adentrou o vale. A chuva vinha de forma tão rápida que optamos em nos abrigar no único local para abrigo neste trecho. Por sorte, ou pelo fato de esperar a chuva chegar, evitamos pegar ela na descida que da Serra, que não seria uma boa opção.
A espera foi válida, um espetáculo ver aquelas nuvens chegando rapidamente, subindo o paredão onde estávamos, fazendo escurecer, formando redemoinhos de nuvens na nossa frente. Trovões e até raios não deram medo, afinal todos estavam curtindo aquele belo terror feito pela natureza.
Bateu um frio, e quando a chuva deu uma baixada tocamos em frente até para o sangue esquentar. Grupo bem equipado, todos seguiram de forma responsável e sem problema algum cortando a nevoa que fazia um cenário único para quem é acostumado a andar só na época da seca.
Depois de uma boa pernada subimos para mais um pico, e deste ponto iniciaríamos a descida da Serra. Antes uma subidinha e parada no morrote onde o sinal de celular faz ali ser o ponto de apoio para já dá um alô para o resgate e estipular aquele tempo final. Aproveitamos para mais um lanche e deslumbre do cenário que vem acompanhado do platô até o outro lado da Serra.
A descida é feita em um grotão, e vem serpenteando saindo do cerrado de altitude, passando por uma mata de galeria, e pegando uma boa descida em trecho de mata fechada. Essa parte foi a que mais colocou as pernas para fazer uma forcinha, além de estar escorregadia a descida variou também no tipo de solo. Começa com um cascalho, passou por pedras solta, mato alto com lama, mato alto com pedra solta, buracos escondidos no meio do mato bons para torcer o pé. As dificuldades foram vencidas e na parte de mata o cenário é bem diferente de todo trecho. Resumindo, a descida é outra trilha, e merece ser encara de forma mais calma para evitar problemas. Lembramos que não existem marcações de trilhas, sinalizações nem mesmo as trilhas cavaleiras.
Depois da mata entramos em uma zona de transição de vegetação, uma pastagem ainda no pé da Serra foi cortada pelo grupo. Quem acha que é só atravessar a Serra e o resgate vai estar lá do outro lado já pertinho esperando pode tratar de andar mais. Pela frente ainda finalizamos a descida final da Serra, subimos dois morrotes e contornamos um morro mais alto, talhado por 3 trilhas. Deste ponto encontramos a estrada do Parque e para fechar algo em torno dos últimos 2Km finais até ver o tão esperado resgate.

Quem falar que a trilha foi fácil tá mentindo! O percurso é travado e mesmo saindo do alto da Serra as subidas e descidas são frequentes e o tipo de solo varia e muito. A chuva deu um grande peso mas nada que nenhum dos integrantes reclamasse, fizesse cara feira, e como costumamos dizer:
“Cada aventura do DOCERRADO.com tem as pessoas certas para aquela empreitada!”.

Obrigados a todos pela coragem, determinação, companheirismo e amizade.
Para as garotas guerreiras, Caroline de Souza e Cintia de Souza, Gilian do Canadá e Carolzinha.
Para os amigos companheiros de trilhas, Reinaldo e Geraldo.
Agradecimento especial ao nosso parceiro, guia e grande conhecedor da região Rodrigo e ao motora gente boa, Adonias.


Relato: Flávio Martins Santos

> Aventuras > 2018 > Nº134