Casstanhão


 Estado: Ceará
 Data: 15/01/2010

Para um amante da pescaria, ficar um longo tempo sem pescar é uma tortura, agora imagine ficar mais do que um ano sem curtir esta arte. Depois de combinarmos toda a estratégia, partimos para o famoso Castanhão, mesmo sabendo que nas últimas pescarias nossos amigos pescadores não obtiveram sucesso com os monstros denominados Pinimas (espécie de Tucunaré). Então partimos para tentar a sorte, e eu, mais para dar fim ao longo jejum de pescarias.

Em uma ensolarada e quente sexta-feira, rumamos ao açude. No volante nosso amigo Henrique foi tocando o carro, saindo de Fortaleza via BR-116, consequentemente pegando a BR-122, passando por Chorozinho e também por Morada Nova pela CE-138. Chegamos à cidade de Nova Jaguaribada, onde fomos deixar as coisas na pousada, colocar os trajes de pesca, arrumar as tralhas, buscar o barco e já dar os primeiros pinchos no final da tarde. Apesar de tamanha empolgação tivemos pouquíssimas ações, mas já valeu à pena ter ido conhecer o lago, esticar as linhas, molhar as iscas e perceber que uma simples fisgada ou uma corrida da linha já fez o dia valer, pois como falei, um ano sem pescar para quem gosta é um castigo e tanto.
Nosso ponto de apoio foi, e com certeza será novamente, a pousada do Pereira, não só pela qualidade do serviço, mas também pelo preço e as deliciosas refeições que são servidas, em destaque o baião-de-dois que merece sempre ser repetido. Outro destaque para quem vai ao Castanhão é o Xexéu, conhecido por todos pescadores e pelo rancho que leva seu nome. Foi em seu rancho que apoitamos nosso barco. Xexéu é um caboclo daqueles que qualquer um que chegar lá para usar suas instalações, vai ser bem recebido e acolhido. Coisas típicas de um interior onde os preços são baixos e a qualidade dos serviços deixa qualquer turista ou pescador satisfeito.

No outro dia as 4 da matina já estávamos de pé e partindo para o rancho do Xexéu. Seguimos rumo as Lajes, e neste dia logo cedo tivemos várias ações; peixes pequenos, batidas de peixes grandes e corridas que fizeram o coração bater forte. Destaque para o exemplar fisgado pelo companheiro Bruca, antes fisguei uma Traíra que deu uma boa corrida, nosso amigo Henrique também fisgou vários Tucunas, e todas as ações valeram por suas brigas, sorrisos e fotos. Outro destaque foi as postas de peixe Camarupim e Cavalinha que nosso amigo Henrique levou. Assamos esta deliciosa iguaria em uma praia de pedras, nesta praia percebi que todo cuidado deve ser pouco, pois os espinhos dos Mandacarus, que até parecem ouriços, cobrem todo o chão e atravessam calçados com solados finos. Então fica a dica para utilizarem calçados com solados grosso, ou até improvisar um solado de material que os espinhos não entrem, como plástico duro ou até alumínio. À noite, todos cansados fisicamente, pois sair para pescar às 4 horas da manhã e parar a pescaria às 17 horas tendo apenas uma hora para almoço deixa qualquer camarada pregado, mas de alma lavada.

No segundo dia de pesca vários ataques, corridas de grandes peixes, peixes fisgados, mas que escaparam, como um de 3 a 4kg fisgado pelo Bruca, outro que deixei escapar que também demonstrava ser um monstrinho e outro ainda que fez nosso amigo Henrique abrir um sorriso mostrando o quanto é bom pescar. Notamos também que as chuvas aqui fazem grande diferença, pois do segundo para o terceiro dia caiu uma boa chuva na madruga que fez uma diferença perceptível nas ações, pois surgiram peixes maiores e mais ativos. Não é a toa que muitos afirmam que a melhor época de pescar no Castanhão é no inverno, época que os brutos aparecem. Esta pescaria teve papel importante pra mim, pois depois de um ano sem pescar, encarar o Castanhão e suas brigas foi sem dúvida um ótimo regresso ao mundo da pesca esportiva.

O último dia sempre é aquele em que todos já acordam meio tristes, pois saber que teremos que voltar para a cidade e seguir a rotina faz com que qualquer pescador ou aventureiro repense sua vida. Mas como os Tucunas não esperam zarpamos novamente as 4 da madruga para o lago e rumamos novamente para as Lajes. Dessa vez tivemos várias ações de peixes ainda maiores que no dia anterior. Destaque mais uma vez para Bruca que fisgou um lindo Tucuna amarelo e também aos vários peixes fisgados por nosso companheiro Henrique. Neste dia ainda subimos para pescar próximo à serra da Micaela, uma formação rochosa que impressiona aqueles que visitam o Castanhão. Bem próximo da serra batemos perto do ponto chamado Escolinha, local onde recebi um ataque forte e aquela corrida típica do Tucuna, e era grande pelo jeito! Meio assustado com a pancada a galera do barco sacou o movimento e deram aquela força para tirar da água aquele prêmio, um dos mais pelos exemplares que já fisguei. Depois da grande sorte partimos para tentar perto da ponte da BR e no braço que segue através dela. Neste ponto não tivemos ação alguma, mas a beleza do lugar vale à pena conhecer. Depois de meio dia de pescaria retornamos para a pousada, arrumamos as tralhas e botamos o pé na estrada para retornar a Fortaleza. Na estrada uma chuva que não víamos há tempos refrescou o sertão do Ceará untou-se a satisfação plena de ter uma boa pescaria, rodeado de bons amigos.

Relato: Flávio Martins Santos

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