Confluência: 14ºS 39ºW


 Região: Bahia de Camamu - BA
 Locais: Barra Grande, Campinho, Sapinho e outros
 Data: 10/09/2008

THE DEGREE CONFLUENCE PROJECT: Tem como objetivo um projeto que é visitar as interseções de grau inteiro de cada latitude e longitude do globo e tirar fotografias de cada um desses pontos. As fotografias e os textos editados pelo grupo DOCERRADO.com e muitos outros grupos de todo o mundo, serão armazenadas no site do projeto.



OVERVIEW
The goal of the project is to visit each of the latitude and longitude integer degree intersections in the world, and to take pictures at each location. The pictures, and stories about the visits, will then be posted here. The project is an organized sampling of the world. There is a confluence within 49 miles (79 km) of you if you're on the surface of Earth. We've discounted confluences in the oceans and some near the poles, but there are still 9,924 to be found.
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PLANEJAMENTO
Esta caça a "ultima confluência virgem do litoral baiano" faz parte de uma grande viagem que fizemos por esta região. Além de conhecer vários locais deslumbrantes na península de Maraú esta confluência foi incorporada nesta viagem enquanto observávamos os mapas da região.
Valeu a pena a busca, o esforço e a aventura. Graças a nossa vontade, determinação, coragem, mais o conhecimento do capitão e a paciência da minha esposa a confluência 14S 39W, a "ultima virgem do litoral baiano" foi conquistada pelo DOCERRADO.com.

A CONFLUÊNCIA
Com apenas dois dias antes de iniciarmos a viagem para a cidade de Barra Grande no estado da Bahia, eu e minha esposa decidimos incluir em nossa rota a busca do ponto de confluência 14°S 39° W. Depois de verificarmos no mapa do Projeto de Confluências que tal ponto fica situado na baia de Camamu, traçamos um plano para chegarmos ao local. Alem de estar próximo a Barra Grande o ponto era a ultima confluência virgem do litoral baiano.

O PLANO
Enquanto procurávamos um barco para alugar recebemos o convite para realizarmos um passeio pelos pontos turísticos da baía de Camamu e aproveitando tal passeio decidimos levar o GPS, pois poderíamos ter uma idéia da direção que deveríamos tomar para chegar ao ponto.
Já com o modo de “Go to” no GPS, a partir de Barra Grande a distancia era de 11Km e a direção seria entrando para a baía rumo a ilha do Goió, ilha da Formiga, Tremembé e outros locais. Depois de passarmos por Coroa Vermelha, ilha da Pedra Furada o rumo do barco foi tocado para a ilha para a ilha do Goió e la percebemos que o ponto de confluência estava apenas a 6Km de onde estávamos. O capitão do barco afirmou que faríamos uma parada para almoçar na ilha do Sapinho que fica ao lado da ilha do Goió, nesta oportunidade conversei com ele e ficou acertado em deixar os outros tripulantes para o almoço e seguiríamos apenas eu e minha esposa para o ponto.

Saindo da ilha do Sapinho a seta do GPS apontava em direção a cidade de Caieiras, que fica ao lado oposto da ilha onde estávamos e fomos indo a velocidade de 10Km por hora com o grande barco movido a diesel. A distancia ia diminuindo e a ansiedade aumentando, foi quando o capitão do barco avisou que o nível da profundidade do canal que navegávamos estava se tornando mais raso à medida que íamos adentrando e que seria seguro ir ao máximo ao porto de Caieiras. Passando pelo porto de Caieiras a distancia era de apenas 2Km (dois quilômetros) e pedi ao capitão do barco ir devagar procurando alguma forma para chegarmos ao ponto, pois estava notando que o capitão estava preocupado com a profundidade. Faltando 1Km (um quilometro) passamos a notar que haviam estacas fixadas para alertar que com a maré baixa as pedras formavam um canal, navegando de forma cautelosa fomos nos aproximando mas por causa de uma barreira de pedras ficamos impossibilitados de chegar ao ponto, e a distancia era de 30m (trinta metros) o canal navegável passava ao lado do ponto.
Para ficarmos em cima do ponto e marcarmos as coordenadas teríamos que adentrar por cima das pedras, como o casco do grande barco era profundo e seu leme possuía 2m (dois metros) seria impossível colocar o barco para cima das pedras, pois a profundidade varia entre 3m (três metros) a 1,5m (um metro e meio). Ficamos ali pensando em alguma solução como ir nadando ou ate caminhando, mas ainda existiam as ondas que se formam com o vento e adentrar em um monte de pedras submersas não seria responsável de nossa parte. Notamos ainda que o capitão do barco estava meio nervoso com nossas idéias, pois ele havia saído de sua rota e tinha ainda deixado outros turistas na ilha almoçando. Foi frustrante, ficar apenas 30 metros do ponto e não conseguir chegar a ele, a tristeza era notada entre a tripulação e o silencio tomou conta de todos ate voltarmos a ilha do Sapinho para buscarmos os outros tripulantes que almoçavam.

A DÚVIDA
Estando tão perto do ponto e não conseguindo registra-lo a duvida sobre a marcação no GPS do ponto fez com que entrasse em contato com nosso amigo de confluências Miguel Reis que esteve junto em nossa primeira confluência (15°S 50°W), via telefone ele tirou minha duvida, pois o ocorrido foi que meu GPS não estava configurado para marcar as coordenadas e sim para exibir no modo de UTM. Depois de ajustar o GPS para tais configurações nos empolgamos e uma nova investida ao ponto já estava sendo planejada.

A MARÉ
Conversando com o capitão e mais pessoas que conhecem a região, pois agora realmente sabíamos onde era o ponto ficamos sabendo que com a maré estando alta poderíamos chegar ao ponto. Para nossa sorte a maré passou a encher e em alguns dias partiríamos de novo para a nova tentativa.

A SEGUNDA INVESTIDA
Com a notícia que a maré estava cheia fechamos o aluguel de um barco movido a diesel e desta vez estaríamos com um capitão mais experiente e mostrando ser mais calmo. As 10h da manhã partimos de Barra Grande rumo a Caieiras, com a velocidade de 10km/h fomos para a confluência. A maré estava cheia e era nítida a diferença, o vento fazia com que tivéssemos algumas ondas, mas nada que nos desanimassem. A distancia ia diminuindo e a ansiedade aumentando a medida, pois esta seria a ultima tentativa. Quando chegamos a 300m do ponto pedi ao capitão do barco para diminuir a velocidade e fomos devagar para mais perto do ponto. Quando chegamos bem próximo tivemos uma surpresa, por causa do vento e das ondas o barco ficava oscilando e os graus da confluência não ficavam estáveis, foram quase uma hora procurando a localidade correta com o barco, tentando deixa-lo estável e também andando pelo convés para ver se achávamos a marcação. Por ser um volume grande o barco não tinha a precisão ainda mais que estava solto na água, foi quando decidi ir nadando usando colete salva vidas. Entrei na água com o GPS suspenso e fui nadando, estava a 50m e a nadada foi dificultada por causa do vento e das ondas. Tinha hora que passava por cima do ponto e a marcação no GPS aparecia no visor com as coordenadas fazia com que avisasse para minha esposa e para o capitão do barco que ali era o ponto. Eles vieram com o barco devagar e ancoraram perto de mim. Subi no barco e ficamos tentando por uma hora pegar a marcação, dentro da água seria impossível tirar foto do GPS então ficamos nervosos e tentando achar uma solução. Tivemos a idéia de usarmos uma canoa, mas não tínhamos nenhuma canoa ou bote, então fomos à margem onde existem casas de pescadores e pegamos uma canoa emprestada. Voltamos ao ponto rebocando a canoa e subimos nela para tentar registrar o ponto.

Estávamos os três na canoa, eu, minha esposa e o capitão do barco que ia remando ate o ponto. Seria mais fácil para fotografar, mas tínhamos um novo problema, a canoa oscilava da mesma forma, e tinha o problema de estarmos preso a ela e não poderíamos ir para os lados sem ter que sair para frente ou para trás. Foram mais uma hora tentando, remando e lutando para registrar e mais uma vez desistimos. Voltamos ao grande barco e nesta hora o nervosismo tomou conta. Ficamos alguns minutos pensando em silêncio, foi quando andando pelo convés do barco, minha esposa grita afirmando que estávamos em cima do ponto S 14° 00’ 00.0” e que precisaríamos encontrar o W 39° 00’ 00.0”. Com a experiência do capitão do barco ele resolve ir puxando a corda da ancora e foi quando ficamos oscilando a marcação do W, então ficamos ali por quase duas horas virando o barco, puxando a corda da ancora, e de repente surge no marcador a imagem tão esperada os graus S 14° 00’ 00.0” e W 39° 00’ 00.0” estampados no visor do GPS, nessa hora a alegria e a euforia vem a tona.

Pegamos a maquina fotográfica para registrar, mas para tirar tal foto foi mais uma hora pois focar o visor com o balanço do barco foi uma luta, mas conseguimos e o ponto estava registrado. Notamos que para fixar o ponto em tal marca era necessário apontar o barco para a ilha da Formiga, e este foi o sucesso. Isso tudo devemos a experiência do capitão do barco e sua paciência que ficamos das 10 horas da manhã ate às 16 horas tentando registrar o ponto. Também a paciência de minha esposa que em horas com suas palavras dava força para continuarmos tentando. Ao amigo Miguel que mesmo estando longe nos ajudou via telefone a configurar o GPS de forma correta. Marcamos o ponto, fotografamos a região, mas foi uma aventura em tanto, pois foram duas tentativas e muita emoção para conseguirmos marcar o alem de difícil S 14° 00’ 00.0” e W 39° 00’ 00.0”. Alem de todas as aventuras tivemos a felicidade de pegarmos a ultima confluência virgem do litoral baiano e deixar no projeto mais uma marca DOCERRADO.com.

> Veja nossa 1ª CONFLUÊNCIA '15ºS 50ºW' conquistada, só que lá no interior do Brasil.

NOSSA VIAGEM PELA REGIÃO
Parte 1: Barra Grande e Taipus de Fora
Parte 2: Baía de Camamu
Parte 3: Confluência 14S 39W
Parte 4: Itacaré


Relato: Flávio Martins Santos

> Aventuras > Nº57